Mario Sergio Cortella oferece insights valiosos destacando a importância da reflexão, competência coletiva e atitude propositiva
Em meio a um cenário onde a velocidade de resposta é crucial para o sucesso, a filosofia pode desempenhar um papel fundamental no comércio e varejo. Nesse contexto, conversamos com o renomado filósofo e educador Mario Sergio Cortella, conhecido por suas análises profundas e inspiradoras sobre diversos aspectos da vida e da sociedade.
No mundo mutável dos negócios, Cortella destaca a importância de reconhecer que “a competência é um movimento e um processo contínuo”. Essa reflexão nos convida a considerar como as empresas podem adotar uma abordagem mais ágil e adaptável para enfrentar os desafios do omnivarejo.
Acompanhe abaixo o bate-papo completo com Mario Sergio Cortella, onde ele compartilha sua visão sobre alguns dilemas éticos, demandas por inovação e estratégias para construir um ambiente empresarial mais sólido e resiliente.
CNDL: Como avalia a importância da filosofia aplicada ao mundo do comércio e varejo, especialmente em tempos em que a necessidade para retorno é tão rápida?
Cortella: Uma das colaborações que a Filosofia pode oferecer é exatamente, em um mundo que exige mais velocidade de ação e reação, alertar as pessoas e empresas para não deixarem de cultivar a reflexão e a paciência (que não é lerdeza). Em uma realidade mais complexa como agora, na qual a competitividade e a produtividade precisam ser mais aperfeiçoadas. A Filosofia nos alerta para o risco de uma ação envelhecida e ultrapassada, que se fixa somente naquilo que, tendo êxito no passado, não mais cabe de modo idêntico neste novo momento.
CNDL: Como as empresas podem cultivar a competência coletiva para se adaptarem aos novos desafios do omnivarejo?
Cortella: O fundamento mais decisivo para não sucumbir às mudanças é assumir que a competência é um “gerúndio” e não um “infinitivo”, isto é, competência é movimento e processo contínuo, no lugar de ser uma condição estática e concluída. O maior estoque para inovação e renovação é o estoque de conhecimento, e este está nas pessoas de cada empresa, o que implica em que esta organize tempos e modos para que haja a partilha desse mesmo estoque, por meio de práticas de formação permanente, nas quais se entenda que todas as pessoas são ensinantes e todas as pessoas são aprendentes.
CNDL: Como enxerga o papel das empresas não apenas como fornecedoras de produtos ou serviços, mas como agentes de transformação e qualificação para seus clientes em um cenário de consumo cada vez mais diversificado e exigente?
Cortella: Toda empresa que tenha a intenção de maior perenidade e presença em uma comunidade de vida, ou seja, no lugar em que faz os seus negócios, precisa sustentar sua relevância por intermédio de uma participação colaborativa, em função da qual essa comunidade de clientes não seja somente consumidora, mas, especialmente, parceira nos processos de retorno de interesses e necessidades, de modo a elevar os benefícios recíprocos. O que a empresa faz é um negócio, mas não pode ser apenas um negócio que exaure e se beneficia de uma clientela sem que esta perceba que também é beneficiada.
CNDL: Em um mundo onde a informação é abundante e acessível, como as empresas podem transformar esse conhecimento em inteligência estratégica para se destacarem no cenário do omnivarejo?
Cortella: A informação é abundante por termos fontes inúmeras de acesso a ela; contudo, informação por si não basta se não for transformada em conhecimento, dado que informação é cumulativa e conhecimento é seletivo. Dizendo de outro modo, a informação só vale se for apropriada, tornada própria, tornada ferramenta de uso e importância, em vez de simples anotação passageira, o que requer critério para separar o que serve do que não serve. Por isso, a empresa, se voltada para a inteligência estratégia, depende de ter bons critérios para boas escolhas, e estas só são feitas quando há nitidez de rumo e meta; afinal, lembrando a antiga frase, “para quem não sabe para onde vai qualquer caminho serve”.
CNDL: Por fim, o senhor destaca a importância da atitude propositiva em contraponto à reatividade. Como os líderes e colaboradores das empresas podem cultivar essa mentalidade proativa para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem no dinâmico mundo do comércio e varejo?
Cortella: Em um tempo de mudanças velozes, nos quais o vento muda rapidamente de prumo, recuperemos um lema da navegação latina do passado distante: “a gente não pode controlar a direção do vento, mas pode reorientar as velas”. Nestes tempos de alteração rápida não precisamos (e nem devemos) ficar mudando o tempo todo, mas, isso sim, estarmos preparado para mudar quando necessário; há práticas que vindas do antes, ainda servem, e vale levar adiante, enquanto outras perderam vitalidade, e devem ser deixadas para trás. A liderança, com quem colabora, tem de aprender de modo antecipatório a selecionar exatamente isso: o que serviu e ainda serve, e o que serviu e não mais serve, tudo para evitar ficar apenas com “um grande passado pela frente”.
O filósofo e educador Mario Sergio Cortella está confirmado como um dos palestrantes da 57ª Convenção Nacional do Comércio Lojista e da 49ª Convenção Estadual do Comércio Lojista.. O evento ocorre de 18 a 22 de setembro de 2024 na cidade de Balneário Camboriú.
Tradicionalmente, as convenções do Sistema CNDL contam com líderes e empresários de todas as regiões do país em busca de conhecimento aplicável aos seus negócios e entidades, além de relacionamento e troca de experiências.
Os participantes terão a oportunidade de debater o futuro do setor, atualizar-se sobre inovações tecnológicas, estabelecer conexões estratégicas com representantes dos maiores varejistas do país, fortalecer sua rede de contatos, criar parcerias estratégicas e ganhar visões de futuro que impulsionarão o sucesso de sua empresa na próxima década.
Durante o evento será realizada uma grande feira multisetorial de produtos e soluções, com aproximadamente 50 expositores relevantes ao ecossistema do varejo.
Fonte: Alex Akira
Há mais trinta anos, um grupo de comerciantes Varejistas de Petrolina, percebendo, visionariamente, a amplitude na qual está terra se tornaria, reuniu-se na sede da antiga Companhia Telefônica do São Francisco, com intuito de criar uma entidade que representasse, organizasse e unisse a classe lojista.
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