O desempenho do Brasil na Copa do Mundo provocou um encalhe de produtos “verde e amarelho” de R$ 12,8 milhões no estado do Rio de Janeiro e R$ 5,7 milhões no município do Rio, mostrou um levantamento do Clube de Diretores Lojistas (CDLRio). De olho nas Olimpíadas Rio 2016, comerciantes esperam que o evento “desencalhe” essas mercadorias. Veja no vídeo acima.
Segundo um levantamento realizado a pedido do G1, do Centro de Estudos do CDLRio, entre os itens encalhados estão camisetas, cornetas, canetas, chinelos, caneca, boné, cofre bola, bandeira para carro, linha pet, além de outros itens temáticos e não temáticos nas cores verde e amarelo.
“O comércio espera vender toda aquela parte de mercadoria que ficou encalhada na Copa agora nas Olimpíadas. Sabemos que o desempenho foi ruim até por causa do mau desempenho da equipe brasileira e também pelo excesso dos feriados. Esperamos que isso não aconteça nas olimpíadas”, disse Aldo Gonçalves, presidente da entidade.
Vendedores do comércio popular do Saara, no Centro do Rio, relatam que na época do Copa do Mundo houve a venda de produtos temáticos, contudo, foi “muito abaixo do esperado” pelos lojistas.
“Na época da Copa o patrão comprou um monte de camisa. Como o Brasil deu aquele vexame de perder, sobrou bastante camisa para vender (…) aí nós estamos tentando vender essas camisas agora para as Olimpíadas. Graças a Deus está saindo”, contou Maria de Fátima da Silva, vendedora há 18 anos.
Em outro estabelecimento do Centro do Rio, o estoquista Denílson Divino mostrou que o preço do boneco tatu-bola chamado “Fuleco”, mascote da Copa do Mundo do Brasil, caiu de R$ 129,90 para R$ 10. Ainda assim, há 125 pelúcias no estoque da loja, afirmou.
“[Abaixou o preço] mais pela perda que o Brasil teve de 7 a 1, e também porque não iremos mais fabricar esse tipo de produto. A crise também está medonha então, temos que baixar o preço”. De acordo com ele, “o estoque está acima do normal”.
Estoques altos
O estudo apontou que 52,8% dos comerciantes varejistas do segmento de vendas temáticas afirmaram que seus estoques de produtos “verde e amarelo” estão acima do adequado, 55% a mais em comparação ao seu estoque normal.
Ainda de acordo com a pesquisa, 33% dos comerciantes asseguraram que o volume desses produtos está 41,2% maior em relação a seu estoque normal. E 6% garantem que esse estoque está 12% acima do seu normal.
“Esse é um cenário que o Brasil está atravessando. A economia está indo muito mal, inflação muito alta, corroendo o salário do trabalhador e esse clima de insegurança e incerteza. Empresas com receio de investir e consumidor com receito de comprar, então, é o pior dos mundos”, concluiu Aldo Gonçalves, disse o presidente do CDLRio.
O levantamento mostrou ainda que somente em uma loja de estoque, 1,8 mil bolas ficaram encalhadas, cerca de 65% do produto a ser utilizado. Já em outro estabelecimento, 130 mil uniformes não foram vendidos, ou 50% do desejado.
Ainda de acordo com a pesquisa, ao todo, os produtos de souvenir como canetas, chaveiros, bótons, entre outros, fecharam em algumas lojas com um percentual de estoque encalhado de 80%.
A estimativa feita pelo centro de estudos da entidade mostrou ainda que somente nas lojas do Centro o encalhe ficou em torno de R$ 1,3 milhões.
“As empresas vão ter que fazer promoções. É verdade que esses estoques temáticos são mais difíceis de desencalhar. Ssó pode ser vendido nessa época do ano”, analisou o presidente do CDLRio.
‘Verde e amarelho’ e manifestações
Alguns comerciantes relataram, no entanto, que os protestos que o país vivencia neste momento político e econômico vêm estimulando as vendas de artigos com cores verde e amarelo.
“A gente colocou aqui para a manifestação, para as Olimpíadas, e tem muita gente comprando, realmente tem”, disse a vendedora Maria da Paz. De acordo com ela, as vendas estão ocorrendo “mais para a manifestação”.
“O que mais sai é buzina, mas as coisas tudo de verde e amarelo sai muito. Colar havaiano, Só a parte do Brasil, verde amarelo que está saindo, o resto está fraco”, disse.
Há mais trinta anos, um grupo de comerciantes Varejistas de Petrolina, percebendo, visionariamente, a amplitude na qual está terra se tornaria, reuniu-se na sede da antiga Companhia Telefônica do São Francisco, com intuito de criar uma entidade que representasse, organizasse e unisse a classe lojista.
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